Ao contrário do que se imagina, havia um motivo para os dois endereços. (Afinal como uma vila com cerca de dez casas poderia ter uma de número 71?)
O Chaves morava no número 8 porque o seriado foi criado e exibido pela Televisa, que era transmitida no canal 8 (as televisões antigas conseguiam sintonizar um número restrito de canais, cada um associado a um número). Assim, o programa pôde ser batizado como “El Chavo del Ocho” (“O garoto do oito”, em referência tanto à sua casa quanto ao canal).
“Chavo” é uma gíria mexicana para garoto, “pivete” e é assim que ele é chamado por todos os outros personagens. No Brasil, optou-se por traduzir o apelido com um (sobre)nome parecido, “Chaves”. Mas, no original, o nome verdadeiro do protagonista interpretado por Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) jamais é revelado. Toda vez que o ele estava prestes a dizer, era é interrompido por Seu Madruga, Quico, Chiquinha ou Dona Florinda. Portanto, o mistério permanece até hoje.
O órfão, que passa seus dias enfiado num barril, apareceu pela primeira vez na TV mexicana no dia 20 de junho de 1971, e chegou ao Brasil apenas na década seguinte, em 1984.
O número da casa de Dona Clotilde, vivida por Angelines Fernández (1922-1994), também não é por acaso. Ela começou a gravar o programa em 1971 – daí vem o número da casa de sua personagem. Na trama, a senhora é atormentada pelas crianças da vizinhança, que a enxergam como uma bruxa má, uma que velha mora sozinha em uma casa mal-assombrada. Mas, no fundo, ela é muito sensível: vive junto de seu cãozinho, Satanás, e morre de amores por Seu Madruga, para quem cozinha bolos e frangos assados.
O que poucos sabem é que, na vida real, Angelines foi eleita uma das mulheres mais lindas da época e também tinha um lado bem “hardcore”, o oposto de sua personagem: a atriz foi uma guerrilheira que lutou contra a ditadura fascista de Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola.
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